segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Perto do coração selvagem - Clarice Lispector

Vim aqui dar mais um suspiro para o blog (eu não disse o ultimo!) para falar desse livro que li fazem algumas semanas já.
Finalmente li um livro da Clarice, tinha muita curiosidade, mas sempre deixava para depois, e gostei. Não foi aquela paixão avassaladora, mas com certeza vale à pena ler e vou ler mais livros dela, não quis ler assim um depois do outro, porque realmente acredito que pode não fazer bem hahahaha.
Digo que pode não fazer bem, pois pode ser um tanto depressivo. É extremamente introspectivo e meche com agente mesmo. Em muitos momentos você se identifica com aquilo, o que acaba muitas vezes incomodando, enquanto em outras faz você dar aquele sorrisinho.
Para dar um gostinho e quem sabe um empurrãozinho em algum leitor, um trecho do livro:

“Eu seio que quero: uma mulher feia e limpa, com seios grandes, que me diga: que história é essa de inventar coisas? Nada de dramas, venha cá imediatamente! – E me dê um banho morno, me vista uma camisola branca de linho, trance meus cabelos e me meta na cama, bem zangada, dizendo: o que então? Fica ai solta, comendo fora de hora, capaz de pegar uma doença, deixe de inventar tragédias, pensa que é grande coisa na vida, tome essa xícara de caldo quente. Me levanta a cabeça com a mão, me cobre com um lençol grande, afasta alguns fios de cabelo da minha testa já branca e fresca, e me diz antes de eu adormecer mornamente: vai ver como em pouco tempo engorda esse rosto, esquece as maluquices e fica boa menina. Alguém que me recolha como a um cão humilde, que me abra a porta, me escove, me alimente, me queira severamente como a um cão, só isso eu quero, como a um cão, a um filho.”
(Perto do Coração Selvagem, Clarice Lispector, Pag. 166)
Alguém se habilita?

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